quinta-feira, maio 04, 2006

Governo alemão dá um “tiro no pé”

Ângela Merkel aumentou os impostos sobre os ricos na Alemanha.

Aparentemente seria uma medida correcta e justa; mas não o é, face às circunstâncias em que é realizada.

Os Governos Alemães, à semelhança dos portugueses, empolaram de forma exponencial a intervenção do Estado na sociedade alemã; hoje a sociedade alemã é uma sociedade fortemente antiliberal (de cidadania bloqueada) e, como tal, sustentada em elevados custos sociais, sem contrapartida na eficiência social.

Ou seja, a resposta do governo Alemão à ineficiência crescente da sociedade alemã face à concorrência internacional foi a de financiar essa ineficiência – aumento de impostos sobre os ricos; sempre foi mais inteligente que o governo de Portugal, que decidiu aumentar todos os “impostos” indirectos.

Há semanas atrás, a França seguiu caminho semelhante ao bloquear a lei do primeiro emprego (uma gota no oceano de transformações que não necessárias de fazer nesse País).

A “velha” Europa Continental continua a seguir no caminho que a tem tornado crescentemente ineficiente nos últimos anos; parece não ter notado que o mundo mudou, que não tem mais colónias e territórios tutelados (a quem impunha a sua vontade predadora) e que, deixou de poder viver dos “outros”.

Não lhe bastou a experiência de Governação dos Países do Leste Europeu; as “boas intenções” dos seus políticos e das suas políticas (antiliberais), aplicadas ao longo de cerca de 50 anos, “destruíram” esses países.

De facto, estamos perante uma teimosia da tradição; a Europa continental tem uma velha tradição antiliberal, à violência de um Estado centralizador e omnipotente (contra os seus próprios súbditos e “colónias”) chegou-se a um Estado paternalista, ainda mais centralizador e omnipotente que o anterior (e mais ineficiente) – um e outro, Estados que não acreditam nos seus cidadãos e nas capacidades destes de, ao se auto-governarem, engrandecerem a sociedade aonde estão integrados. Foi essa tradição que conduziu ao comunismo e ao fascismo e, é essa tradição, que não nos evitará cair de novo no fascismo.

Bem…, isto tem uma vantagem; como a crise europeia está para durar e para se agravar (os outros países continuam na “corrida”), as taxas de juro não vão poder subir muito mais – aliás, é muito provável que desçam e, finalmente, entendamos que entramos numa estagnaflacção.