Os problemas reais de tal estado de coisas na Educação parece “ninguém” os querer estudar seriamente e, ainda menos, dar-lhes uma solução que não seja “premiar” ainda mais a “educação para a incompetência” com mais dinheiro público!
Por exemplo, imaginar-se-ia, alguma vez, ouvir profissionais da educação pronunciar-se contra a “avaliação” do ensino e das escolas porque, segundo eles dizem, é a avaliação que “cria” desigualdades?
Porque não querem esses “profissionais da educação pública” que elas (as desigualdades) sejam detectadas? Será que a amiga do meu irmão terá razão: “assim os nossos filhos têm emprego”?
Qual é a “Pedagogia”, enquanto Ciência, que está a ser aplicada por “esses” que são capazes de uma tal afirmação?
Infelizmente todos “sentimos” que a Pedagogia deixou de ser uma Ciência em Portugal!
As Ciências humanas são sem dúvida áreas de conhecimento muito complexas (sistemas sobredeterminados), portanto difíceis de ser tratadas, aonde o risco ao subjectivismo é elevado e o “laboratório” nem sempre pode existir.
Contudo, a pedagogia é uma das raras áreas das ciências humanas aonde pode haver bastante “laboratório”; e as escolas são-no. A Pedagogia pode testar, todos os dias, as suas teorias na prática e pode avaliar a maior ou menor validade dessas teorias (em oposição a outras ciências humanas que pouco mais têm que a História - em especial, a História Comparada - para o fazerem.)
Como é pois possível que a educação esteja com resultados cada vez piores e alguns pedagogos continuem a defender os modelos de ensino praticados?
Que “ciência” foi ensinada a esses “pedagogos” que desconhecem a essência da “validação” cientifica: “a validação da teoria pela prática”; quando a “prática” desmente a teoria, é porque a teoria está errada e no mínimo, é preciso procurar outra teoria e promover uma outra prática!
Bem, estou a admitir que ainda há estudiosos, em Portugal, preocupados com o ensino, enquanto área susceptível de tratamento científico e não apenas que o ensino é um domínio de “outros” objectivos.
Como as coisas estão e considerando a elevada taxa de desistências existente em Portugal, ainda aparece algum “pedagogo” a propor como solução, dar ainda menos “trabalho” aos alunos, tornar as aulas mais “divertidas” e não lhes fazer nenhuma avaliação (e a eles, pedagogos, naturalmente!) de molde a melhorar, rápida e decisivamente, as “estatísticas”.
Parece que ainda ninguém se perguntou se as altas taxas de desistência não estarão precisamente na não preparação do aluno para o “trabalho”, na inexistência de objectivos “de saber” a alcançar, num deixa andar contínuo e sem avaliação (como se aprendêssemos por osmose oral no contacto com os professores), na brincadeira das aulas, num encaminhamento contra a vontade do estudante, etc.
Será que algumas causas das desistências dos alunos não estarão ligadas de algum modo às mesmas causas que tornaram os profissionais da educação a classe profissional, em Portugal, que mais tem de recorrer aos psiquiatras e psicólogos?
Será que as causas das desistências (e dos resultados do ensino) não terão a ver com a inexistência de verdadeiras “escolas” em Portugal; inexistência de “escolas” no sentido da não existência de um “corpo” permanente (de docentes, discentes e auxiliares) uma vez que parte significativa dos docentes (e até auxiliares) é recolocada todos os anos e as escolas não têm autonomia de gestão que lhes permita promover soluções pedagógicas e se auto responsabilizarem pela sua própria eficiência educativa.
Parece-me que o Estado português reduziu o conceito de “escola” à “imobiliária”: edifícios, laboratórios, computadores, ligações à Internet, etc., embora frequentemente muito mal preservados e actualizados!
O Estado português preocupa-se com o “hard” da "escola" (em especial se for para comprar ou fazer "novo") e esquece-se da parte “soft” (professores e auxiliares, organização, resultados, avaliação, etc.), muitíssimo mais importante e decisiva no processo educativo.
De facto, com o modelo de educação existente, os nossos filhos nem são psiquicamente preparados na escola para enfrentar a vida de adultos que os espera.
Para muitos seres biológicos e, naturalmente, para o homem sapiens, ao longo de milhares de anos, a infância e a juventude representam não só períodos de conclusão de crescimento biológico mas também períodos de “aprendizagem” com vista a poder-se ser um adulto com capacidade de sobrevivência. O brincar à “realidade” constitui parte essencial dessa aprendizagem.
Nós (humanos) inventámos o brincar “brincadeiras” e os pedagogos (alguns) acharam que isso deveria passar a substituir, na educação, o brincar a “realidade”.
Os resultados estão à vista: quando caímos, irremediavelmente, em adultos, não estamos devidamente preparados porque fomos impedidos de não brincar à “realidade” dentro da escola. Felizmente para todos nós, de facto não é bem assim, porque fora da "redoma" em que se constituiu a escola, a única “brincadeira” existente para os jovens (e até para as crianças) é o confronto com a “realidade”.
Hoje a sociedade humana (infelizmente, apenas nos Países desenvolvidos) atingiu um tal desenvolvimento que pode proporcionar a todos os jovens um leque e qualidade de aprendizagem e oportunidades que nunca nenhuma geração anterior à actual alguma vez teve acesso, mesmo para as respectivas elites.
É lamentável não colocar esses meios à disposição das nossas crianças e jovens.
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