Isso é um bom exemplo de como em Portugal os políticos politizaram todas as decisões: então, Sr. Primeiro-ministro, a construção de um Hospital decide-se porque a população “vizinha” o merece? E, se não merecesse, ficava sem Hospital?
É precisamente aqui que está um dos graves problemas de Portugal e do tipo de Democracia que temos: as decisões técnicas foram politizadas e, ao sê-lo, transferiu-se competência decisória de tipo técnica para os políticos; ora, os políticos, por inerência do seu papel e pelos mecanismos de eleição, não têm de ser necessariamente técnicos e muito menos tecnicamente competentes.
O que estaria correcto, ao Sr. Primeiro-ministro de Portugal, seria que dissesse aos portugueses que os estudos relativos à eficiência da actual cobertura sanitária do País tinham concluído ser necessário fazer-se um novo Hospital na zona da grande Lisboa e que o mesmo estudo tinha apontado como melhor local a cidade de Vila Franca de Xira.
Pois é …, mas este tipo de “competência” não faz parte da nossa democracia e, claro está, não teria permitido tanta “asneira” por este País fora!
Acabo de chegar da Noruega; o País com o maior índice de desenvolvimento humano do planeta - mas “coitados” não têm auto-estradas e nem estádios de futebol; o aeroporto de Oslo (que há dias, comemorou cinco anos) parece um barracão e o seu metro (que leva os citadinos de Oslo até ao campo e à montanha) está longe de parecer o “museu” em que se transformou o metro de Lisboa (aliás só comparável ao de Moscovo – será coincidência!).
E quanto a casas de música?
Tive oportunidade de assistir a algumas manifestações públicas ligadas a um Congresso de Físicos, comemorativo da centenária de Einstein (promovido pela Universidade de Bergen); uma dessas manifestações foi um concerto e, a casa da música, aonde se realizou, foi um armazém de frutas (sem dúvida, que com condições acústicas maravilhosas).
Por isso a Noruega tem o índice de desenvolvimento humano que tem e nós o que temos!
Na Noruega dá-se valor à “transpiração” de quem trabalha e por isso o “dinheiro” dos cidadãos não pode ser mal gasto pelo Estado (ou seja, gasto sem a rentabilidade que o justifique, nomeadamente a social).
Talvez por isso, também encontrei, num dos maiores e mais bonitos parques de Oslo, um monumento a Lincoln (Presidente dos EUA) aonde se podia ler: “o governo do povo, pelo povo, para o povo, não desaparecerá da face da terra”. [Não tenho tanta certeza como Lincoln.]
Não significa que a Noruega seja um “paraíso”, mas pelo menos mostra-nos que a democracia portuguesa ainda não conseguiu resolver algo que é possível e primário (e que grande parte dos países desenvolvidos já resolveram): um adequado processo de tomada de decisões, inclusive adequados mecanismos que impeçam os políticos de decidir de forma desastrosa (às vezes, continuamente desastrosa) para o País.
De facto, a questão é mais profunda: a democracia portuguesa (por isso, democracia à portuguesa) não entendeu ainda o papel da cidadania nas sociedades democráticas.
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